sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tristeza

Mais um sentimento importante para consideração. Que importância damos a ela?
Quanto a suportamos?
Temos mesmo que suportá-la?
Ou a crença num estado constante de prazer, que somos levados a acreditar ser possível, faz com que a desprezemos em lugar de respeitá-la?

Acredito que a tristeza, sentimento que muitas vezes, está associado a perdas, a desilusões e a decepções leva-nos para nosso interior e nos incita a ficar um pouco a sós conosco; convida a pensar, a buscar uma nova ordem, às vezes até, novo sentido para nossas vidas.

Cultivá-la é, sem dúvida, um risco; entretanto, aprender com ela, certamente, traz ganhos, crescimento – um ressurgir com mais consciência, mais resistência e mais alegria de viver.
Alguns estados de tristeza, prolongam-se. Neles andamos pela vida alheios, desligados de nós mesmos...A vida fica suspensa! É como perder o sentido da vida. O olhar para ela é cheio do vazio que a alma deixou ao se recolher ferida, é cheio de dúvidas ou de outras certezas...

Falar sobre o que nos deixa tristes, o que pensamos e queremos nesse estado, contribui, ao contrário do que costuma-se acreditar, para que ela seja elaborada. Deixar sempre para lá, distrair-se dela a qualquer custo, são medidas adotadas freqüentemente e que, quase sempre, favorecem o prolongamento desse sentimento doloroso.( Volto a lembrar que cultivar a tristeza encerra um risco de adoecer e que não é o mesmo que respeitá-la, acolhe-la para transformá-la, através da elaboração da perda sofrida, da dor sentida.)

No recolhimento para onde nos leva a tristeza não reconhecemos a vida de antes – não nos reconhecemos...Estamos perdidos de nós mesmos!

Mesmo assim, seguimos adiante. E seguir adiante é condição para a saída desse estado. O recolhimento é da alma. A rotina deve ser mantida. Estar nela, mesmo não se sentindo nela, permite que em algum momento, um elemento novo qualquer surpreenda-nos e ajude a lembrar de nós mesmos.

A alegria, contrapartida da tristeza, pode estar nesse elemento novo! É ela que chegando de surpresa faz com que a alma retorne de seu exílio e torne possível o prazer de viver um dia azul ensolarado, de sentir o sabor dos alimentos, de participar do encontro com pessoas, de rir, cantar, trabalhar, planejar, conquistar, desejar...Enfim, possibilita o prazer de estar vivo e o desejo de viver.

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