domingo, 27 de junho de 2010

Pensando no outro

Ah... O outro...
Esse mistério, muitas vezes impenetrável, sagrado, a quem, simplesmente, “tiramos” por nós mesmos e, sem parcimônia, ditamos o que dele esperamos...
Pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã.Amigo, amiga – esse parece ser o outro melhor aceito como é!
Parceiro, parceira, marido, mulher – o outro mais próximo e o que mais se perde de vista!Ve-lo como é, parece um risco.

E, sem o outro, que parceria é possível?

Identificações, projeções. Identidades confundidas ou fundidas no anseio do par perfeito!
Eu perdido (a) no outro! O espelho a quem não vejo, senão como reflexo de mim mesma (o)!
Ouví-lo? Só quando diz o que se quer ouvir! Senão, que se cale para não trazer desprazer, culpa e/ou consciência – para não refletir um eu que não se quer ser.

Ah... O outro... Com quem se pode passar grande parte da vida a sonhar, sem imaginar os sonhos que sonhou...
Que tenha sonhado, no mínimo, os mesmos sonhos!É o que dele se espera...

Ah... O outro que teima em ser outro que não o que se espera que seja...

Ah... O outro que atrai e afasta, que satisfaz e frustra, que se aproxima e se distancia em si mesmo...

Quem é esse outro?

Muitas vezes, é aquele que não pode ser. Anulado, subjugado e depreciado.
É aquele que não é, senão, o que dele se espera... Ou é aquele de quem se precisa... Mas que não pode se dar conta disso, para que as deficiências de um sejam contidas pelo outro...

Ver o outro como é, ouvi-lo, apreender seus códigos, gestos, atitudes - seus sinais - para, aos poucos, compreende-lo é mesmo arte! Arte de conviver. É sinal de maturidade emocional e psicológica. É respeito e, principalmente, reflexo de quem já conhece um pouco de si mesmo.

Ah... O outro... Mistério... O desconhecido a quem, se nos puséssemos a conhecer, passaríamos a vida conhecendo...