segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Tecnologia e o Homem

Diante da crescente exposição do homem  à tecnologia , fica a questão: quanto estamos perdendo da nossa humanidade? 

Spike Jonze com o filme Her levou-me a pensar, ainda mais nessa questão.

A história começa a ser contada, através da personagem Theodore Twombly. Homem que vive de escrever cartas no lugar das pessoas que gostariam de expressar seus sentimentos , mas que preferem comprar as escritas pelos funcionários de uma empresa especializada nesse produto! São cartas cheias de gentilezas, gratidão, emoções e amor. Apesar disso, esse homem vive de maneira solitária e isolada. Tem poucos amigos e um casamento desfeito, ironicamente, por não conseguir expressar seus sentimentos ou lidar com  emoções mais complexas.
Nessa solidão tem como fonte de satisfação: vídeo game e sexo virtual , até comprar um sistema operacional que o faz sentir-se ouvido, compreendido, valorizado e nunca só. A disponibilidade desse sistema é incondicional e contínua. À medida que Theodore interage com Samantha (nome que o próprio SO se dá) acredita que está num relacionamento afetivo. Como consequência, recobra a alegria de viver. Sai com amigos e suas cartas ganham mais realidade. É capaz, cada vez mais, de expressar seus sentimentos com profundidade. Chega a ouvir de um colega que parece ter uma mulher dentro dele!
A vida segue em perfeita harmonia até o inadiável encontro com a mulher real, Catherine, sua ex-mulher.Marcam um almoço, para a assinatura do divórcio. Discutem e Catherine lhe mostra o absurdo de ter como namorada uma máquina, reforçando sua dificuldade em lidar com emoções e sentimentos reais. Theodore, apesar de buscar argumentos para se justificar, começa sua reflexão... Questiona Samantha e cai, cada vez mais na realidade, ou seja, que ela é um sistema operacional  tão sofisticado que não só tira muita gente da solidão, como ambiciona ser um humano, uma pessoa!
Esse SO é retirado do mercado, causando a sensação de desamparo em pessoas que, como Theodore, fizeram de seu SO a mais importante e, praticamente, exclusiva companhia.
Depois de muito refletir,Theodore  está mais consciente de si, da importância de ser quem é e de estar, de fato, nas relações. Finalmente, aceita o fim da historia que viveu com a mulher real, aceita o divórcio e lhe escreve uma carta. Expressa-se de modo maduro, profundo e espontâneo sobre a  história que viveram. Finalmente, acredita ter aprendido o que é o amor. Carta fechada.
Confiante, contempla novos horizontes  para sua vida afetiva.


A tecnologia proporciona recursos que parecem substituir as relações humanas de tão complexos. Ao mesmo tempo, apresenta-se tão simples e completa que nos seduz. De fato, uma ferramenta fascinante!
Entende-la e utilizá-la como tal, pode nos levar a enriquecimento, a crescimento pessoal, como foi, inicialmente, o caso de Theodore Twombly, de Spike Jonze. As relações interpessoais só tem a ganhar, desde que o homem seja sujeito desse uso e não a máquina.

domingo, 21 de setembro de 2014

O tédio e a consciência


A independência necessária para ser quem se é, ou seja, para seguir até aonde o impulso de autorrealização nos levar, trará desassossegos... Manter o equilíbrio entre ser e estar com tantas outras individualidades e e em meio a tantas realidades é o desafio que pode nos poupar do tédio indigno...Afinal, está aí um grande desafio. 

Um interior trabalhado para suportar a tensão provocada por conflitos é o que pode, também, acomodar com dignidade os momentos de tédio que, certamente, sobrevirão a todos em maior ou menor grau... Com maior ou menor nível de consciência...