quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Amor Incondicional

Aqueles que não tiveram a experiência do amor incondicional têm dentro de si um vazio que não é preenchido nunca.
Vazio que aumenta com algumas vivencias; diminui com outras, mas, não desaparece...
Ouvir o depoimento acima, dado quase com essas mesmas palavras, fez com que nascesse mais uma reflexão...


O que é esse amor incondicional?

“O amor incondicional corresponde a uma das mais profundas aspirações, não só da criança, mas de qualquer ente humano”. (Erich Fromm)

Geralmente, ele é atribuído à figura materna que seria capaz de amar, aceitar seus filhos sem que precisassem atender a nenhuma exigência ou condição. A mãe ama o filho, simplesmente, porque é seu filho. Afirma sua vida, através dos cuidados que lhe garantem a sobrevivência e desenvolvimento. Transmite ao filho, basicamente, o quanto é bom viver, ser um menino ou uma menina e o quanto é bom estar aqui.Contudo, o que se diz sobre o amor materno e/ou incondicional, não corresponde ao que muitos filhos relatam ao se queixarem de um vazio interior, de uma desconfiança e medo em relação à vida em si e à capacidade de se realizarem. Muitos trazem para si o motivo pelo qual não foram amados por suas mães, acreditando haver algo neles que justifique essa falta. Por conta disso, passam a vida buscando sentir aprovação, aceitação e a estima por parte de suas mães e de pessoas para quem transferem a importância dada à figura materna e ao amor incondicional.


... “O amor não é primacialmente, uma relação para com uma pessoa específica; é uma atitude, uma orientação de caráter, que determina a relação de alguém para com o mundo como um todo, e não para um “objeto” de amor... Contudo, a maioria crê que o amor é constituído pelo objeto e não pela faculdade”. (idem)

Partindo dessa premissa, muitas mulheres falharão com seus filhos – independentemente de quem sejam eles.
Narcisistas, dominadoras ou possessivas – cada uma dessas mães se relaciona com o mundo e com as pessoas a sua volta – filhos ou não – de acordo com sua orientação de caráter. Falharão, principalmente, quando tiverem que se separar desses filhos. Separação essa necessária para o crescimento e desenvolvimento deles.Portanto, amar e amar incondicionalmente não são tarefa fácil.

Amar sem pedir nada para si, visando apenas à felicidade daquele a quem se ama, exige de quem ama uma “existência firmemente alicerçada em si mesma”, como argumenta Erick Fromm, no seu livro "A arte de amar". Para ele, a pessoa amadurecida ama tanto com a consciência materna quanto com a consciência paterna.
“... Nesse desenvolvimento do afeto centralizado na mãe para o afeto centralizado no pai e em sua síntese ulterior reside a base da saúde mental e da complementação da maturidade.”
Estar firmemente alicerçado em si mesmo, amadurecido e em condições de ter o amor como atitude, ou seja, ser capaz de amar – não é uma realidade comum entre nós, homens e mulheres, principalmente, na sociedade contemporânea.

Sendo assim, como ficam os filhos desses homens e mulheres? O que é possível fazer, apesar dos pais que esses filhos tiveram ou terão? A eles restará um vazio que nunca se preenche?

Uma das qualidades do amor incondicional é a passividade. Isso significa que para se conseguir esse amor nada pode ser feito! Ou bem se é amado, ou não se é amado!Portanto, sentir-se amada passa a ser uma questão vital para a criança pequena.

Mais velha, é capaz de fazer alguma coisa pelos pais.E ela o faz. Geralmente, doa algo de si para aquele (s) de quem recebe amor. Sai da condição passiva do amor incondicional para a ação.

Segundo Erich Fromm, o amor infantil segue o princípio: “Amo porque sou amado”. O amor amadurecido segue o princípio: “Sou amado porque amo.”

A criança,durante seu desenvolvimento, deve ser capaz de superar o egocentrismo, compreendendo que o outro não é mais um meio de satisfação de suas próprias necessidades. Deve ser capaz de sentir mais prazer em dar do que em receber, em amar do que em ser amada; afinal, o egocentrismo isola a pessoa em si mesma, impede- a de sentir sua potência, sua capacidade de tornar-se independente e responsável pela própria vida.

As falhas nesse processo por deficiências dos pais podem justificar as dificuldades que encontramos nos adultos com sentimentos de desamparo, que buscam ser cuidados e protegidos. Entretanto, considerar a idéia de potência, ou seja, a força do impulso de autorrealização presente em todos nós, pode ser o início da resolução desse problema que aflige tantos adultos “presos no mundo da mãe”.
Ir além dos pais pessoais, ir “apesar dos pais pessoais” e das experiências com eles , ser para si a mãe que ama, cuida, protege e afirma a própria existência; o pai que disciplina, que incentiva a independência, a responsabilidade pela própria vida, certamente, são ações que ajudam às pessoas a preencherem seus vazios interiores e a aumentar a esperança na capacidade do ser humano de amar e ser amado e, assim melhorar não só a qualidade da vida pessoal como a da coletividade.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Homenagem

Stella
minha querida tia


Irmã de meu pai como as outras tres.
As tias são os outros pilares do feminino.
Através delas vemos outras facetas do ser mulher.
Vi as minhas se ocupando desse feminino de muitas maneiras:
Cuidados consigo, com os outros, com o trabalho, com a religião, com a vida pública, com a casa...

...Casa cheia, luz, alegria: tia Stella.
Espelhos, cristais, perfumes, vestidos, jóias, batons e esmaltes vermelhos: Tia Stella.
Irreverência: tia Stella.
Feminina, sagaz, amante da vida.
Vida que transformou outras vidas.
Stella: estrela, luz.
Brilho que se afasta, mas que não se apaga das nossas vidas...

No pilar em que repousa essa parte do meu feminino tudo estava como estão as coisas que são.
Perde-la, deixou-me em desequilíbrio, mas não no escuro.
Pude encontrá-la em mim.



Que Deus a abençoe,
querida tia Stella.