sexta-feira, 14 de julho de 2017

Quando o amor está doente

Recentemente, escutei a expressão "o amor está doente" e passei a refletir sobre a maneira como essa ideia foi empregada. Naquela situação, havia o predomínio do sentimento de frustração, raiva, inconformismo e rejeição. O comportamento apresentado em decorrência desses sentimentos era de afastamento, de recusa em conviver com a realidade que se apresentava. A convivência entre as pessoas envolvidas naquelas circunstancias ficou impossível. O amor deu lugar ao ódio.

Mas, será que serão esses sintomas os únicos que descrevem a doença do amor?

Especialmente hoje em dia, quantos mais podemos identificar?

Quantas pessoas são vistas como são, quantas são respeitadas e respeitam? Quantas são capazes de empatia, de se reconhecer no outro?
Aliás, esse outro está cada vez mais sem importância! Sua estima depende mais da sua utilidade do que da sua qualidade de ser!

O uso e abuso desse outro é um dos muitos sintomas da doença do amor. Sintoma gravíssimo quando esse abuso se apresenta na forma de violência: psicológica, física e sexual.
Mascarado, disfarçado o agressor faz crer que ama e, na forma mais perversa de satisfação pessoal toma para si o corpo, a alma das vítimas que, ainda assim, sentem-se culpadas, inadequadas, sujas - indignas.

A perversão do prazer nas relações assimétricas ferem profundamente as vítimas na confiança em si mesmas e no outro, predispondo-as a amar aquém do seu potencial. 

O tratamento dessas feridas, como qualquer outro, tem início no reconhecimento de sua necessidade. É preciso compreender que algo tão genuíno e precioso foi tocado antes do tempo ( muito precocemente em muitos casos), quando não havia maturidade para tal vivência e que esse desenvolvimento precisa continuar para que, então, o amor em sua plenitude seja vivido de maneira saudável.