terça-feira, 14 de julho de 2015

Que mundo queremos?




Nascemos, somos educados e formados para a independência e realização pessoal. Passamos pelo processo de aculturação, socialização e profissionalização, visando o sucesso e a felicidade. Somos influenciados e influenciamos. Algumas dessas influencias repercutem de tal modo em nossa vida que mal damos conta do que é de fato nosso ou, o que é trabalhado para que passe a ser vivido como crença, valores, ideais pessoais.

Houve tempo em que se creditava à autoridade, à lei poder que ditava o que era certo e errado, provocando conflitos entre o proibido e o prazer, numa sociedade que tinha claros valores, papéis, comportamentos. Em um mundo "pai orientado", usando uma expressão de J.Forbes, os conflitos davam-se entre o proibido e o prazer. Era  para o superego que tínhamos que prestar contas. A culpa, o sentimento que tínhamos que reparar ou expiar. O ego era só um coadjuvante nessa luta entre o prazer e as interdições internas e externas.
Submetidos à essa autoridade introjetada sofríamos sim, mas tínhamos  melhor delineado o que era esperado de nós em cada fase de nossas vidas. O desafio de vir a ser Si-mesmo era mais possível.

As mudanças ocorridas nos anos 60, 70 acarretam outro tipo de sofrimento e configuram outro mundo.Com a queda da autoridade, da Lei achamos tudo natural, acreditamos que tudo podemos. Nascem os empreendedores de si mesmos: os proativos, autônomos e independentes. O ego, agora, passa a ser protagonista. Em menor escala o sentimento de culpa continua presente; entretanto, a vergonha de não ser tudo que o ego acredita ser possível, coloca o narcisismo no mercado como moeda de troca.
O sentimento de suficiência e insuficiência alimenta esse ideal de ego, que nunca cessa de sugar vida daqueles que disputam com "sangue nos olhos" um lugar nesse mundo, onde não há tempo para se dedicar ao que dá sentido e significado à própria vida; onde tudo é possível, porque "você merece"!