quarta-feira, 12 de abril de 2017

Quem está a serviço de quem?



Atingimos um avanço tecnológico que possibilita ampliarmos os horizontes de muitas áreas de atuação e de solução de nossos problemas. Recursos maravilhosos, sem dúvida. Desenvolvimento de conhecimento e produção de mais e mais informação que podem ou não ser transformadas em conhecimento.

Saber reverter essa gama de informação, em conhecimento e saber usá-lo dependerá cada vez mais do aprimoramento da capacidade de fazer escolhas, de reconhecer limites. Esses inerentes à natureza humana. Aceitar desafios, ir adiante na busca que, também, caracteriza nossa humanidade propiciou e, continuará propiciando desenvolvimento. Entretanto, a sensação de falta, de incompletude não deve nos afastar da realidade em seus muitos aspectos. Os excessos, as expectativas altas em relação a ideia de perfeição, de absoluto, por si mesmos indicam o risco de cegueira. Cegueira que impede, em alguns casos, reconhecer, avaliar e apreciar o tanto que já foi conseguido não só em termos materiais mas, principalmente, em termos dos conseguimentos que indicam evolução emocional, intelectual, física e espiritual. Por mais que busquemos evoluir e ajudar os outros nesse sentido, sempre haverá limites a serem confrontados.

Tenho observado que algumas pessoas nesse processo de busca frustram-se, sofrem por não terem suas expectativas atendidas, até mesmo por acreditarem que tudo seja possível.
Muitas vezes estendem essa crença ao outro. Esperam que ele possa e deva agir como elas e, quando frustradas, julgam-no menor, incapaz, inferior. Não só não levam em conta as diferenças individuais, como deixam de considerar que suas escolhas devem ser sustentadas por elas mesmas.
Perceber se há algum movimento desse outro na direção apontada pelo conhecimento compartilhado é de fundamental importância para o sentimento de satisfação diante da vida.
O outro, não está para agir como se quer que aja e, quando convém ser deixado de lado.


Ninguém dá conta de tudo e quem está ao lado ( muitas vezes fazendo o melhor que pode ) não tem  obrigação de pegar a "direção", quando há exaustão pela impossibilidade inerente ao ser humano de seguir fazendo, fazendo... E fazer como aquele que, normalmente, faz e acredita que, também, esteja fazendo o melhor... Quando estamos no mesmo "barco", desejamos o melhor, buscamos o melhor para todos, mas cada um a seu modo.

Desde Hipócrates estamos aprendendo que há tipos de personalidade diferentes. Desde lá viemos classificando, diferenciando pessoas de acordo com humores, com tipo físico, tamanho de cérebro etc. Chegamos aos tipos psicológicos de C.G. Jung que oferecem conhecimento rico sobre a dinâmica de funcionamento do comportamento humano. De acordo com a disposição introvertida e extrovertida, as pessoas vão se utilizar de funções racionais e irracionais, vão ter competência maior em algumas delas e incompetências em pelo menos uma delas. 

Conhecimento é ferramenta, é norte, é ampliação de consciência. Deve levar à reflexão, para que essa consciência reconheça suas possibilidades e seus limites.

Como, por exemplo, em relação à tecnologia. Em algum momento teremos que decidir, escolher o que e como queremos usufruir dela. O quanto ela está, de fato, ajudando; ou se está elevando expectativas para além do que é possível colocar em prática. Se está propiciando uma vida mais próxima daquilo que desejamos.


Por mais que se queira evoluir como pessoa, não atingiremos a perfeição, mesmo com todo conhecimento disponível. É preciso ter claro que as ferramentas estão a nosso serviço e não o contrário. É preciso saber onde e quando parar.