sábado, 26 de setembro de 2015

Contemporaneidade e sofrimento

Uma das formas de sofrimento na contemporaneidade, os chamados sofrimentos narcísicos, tem como ponto de partida o olhar do outro.
Mesmo que a criança receba os cuidados necessários, ela poderá sentir-se como uma "moldura vazia".  
Nao tendo do outro um olhar atento, interessado pelo ser que desabrocha, não tem o reflexo necessário ao desenvolvimento da sua autoestima e, principalmente, de quem é.

Ao invés, de sentir segurança e prazer em exercitar-se, ampliando assim suas possibilidades, acredita que se for diferente, se for como avalia ser o esperado pelo outro, conseguirá, finalmente, ser vista e admirada.

A idealização decorrente dessa crença acarretará comportamentos pouco espontâneos, sempre buscando aprovação e reconhecimento do outro.
Esse visto como quem pode dizer se a pessoa merece ou não fazer parte do grupo que vem de encontro com o eu idealizado, ainda, na vida adulta.

Nessa dinâmica: moldura vazia - idealização do eu - busca do olhar do outro (aprovação/desaprovação) o sofrimento instala-se e o eu verdadeiro permanece esmaecido, dentro de uma moldura.

O sofrimento decorrente desse modo de funcionar tem como sintomas  mais frequentes o excesso de ansiedade, a vergonha, a melancolia e a depressão.