domingo, 18 de setembro de 2022

Confiança/ Quebra da confiança

Confiar é esperar, acreditar em alguém ou em algo no sentido do vínculo ou da capacidade de alguém (ou algo) cumprir sua função de maneira eficiente.

No caso de outra pessoa, que ela venha a honrar sua palavra, seu compromisso com a própria moral e com os próprios sentimentos em relação à outrem.

Confiar é ter fé. Fé implica em considerar algo como verdade, sem que haja prova ou critério objetivo de verificação.

Apesar, de o ato de confiar ser, também, um ato de fé - há de se considerar que temos alguns critérios objetivos para dar crédito às pessoas que fazem ou farão parte de nossas vidas.

Confiar, portanto, é uma via de mão dupla. Depende tanto do sujeito, como do outro da relação de confiança.

Esse sentimento, como tantos outros, é construído a partir das nossas primeiras vivências. Tecemos desde então vínculos de confiança nas pessoas e na vida. E tendemos a transferir, como crédito, parte dessa confiança adquirida, às pessoas e situações futuras.

Esse crédito incrementa a  idealização, as projeções que, naturalmente, são feitas sobre o outro e sobre as expectativas que temos em relação a ele - que, por sua vez, faz o mesmo caminho.

Ambos precisam partir da consciência de si e dos valores que os norteiam. Precisam ser capazes de fidelidade aos próprios sentimentos, escolhas etc. Antes de mais nada, portanto, devem estar comprometidos com a própria consciência.

Quando a confiança é depositada em algo esperamos que essa alguma coisa cumpra sua função e não falhe. Que nos ofereça segurança e eficiência. Nesses casos, mais facilmente, podemos nos assegurar que critérios objetivos foram seguidos e certificados. Entretanto, não estamos livres das falhas e/ou acidentes!

Ao confiarmos nas pessoas, precisamos sentir que contamos com elas, que vivenciamos segurança tanto nelas, como no vínculo formado com elas; além do que crédito que lhes damos por identificação e transferência, num primeiro momento. E, evidentemente, pelos sentimentos positivos que dirigimos a elas.

Aqui, também, não se está livre do imprevisível, daquilo que não se espera que aconteça conosco! Quantos não tiveram sua confiança quebrada por alguém que, até então, dava evidências da sua integridade, honestidade de sentimentos, sinceridade, lealdade, fidelidade? Quantos de nós não nos surpreendemos com as próprias quedas, agindo de maneira tão contrária ao que gostaríamos?

Que natureza a humana! O que move a traição de nós mesmos, quando buscamos a retidão? Por que falhamos? Quando isso pode acontecer? A que serve a traição da própria alma e da confiança conquistada?

A quebra da confiança traz consequências as mais diversas, incluindo a depressão, que pode se tornar persistente. Sentimentos de fracasso, raiva, culpa e as feridas narcísicas decorrentes dessa quebra deixam marcas que devem ser respeitadas, sempre que forem expressas.

Essa perda será vivenciada de maneira muito própria e a restauração desse sentimento não será possível para muitos!

Àqueles que ela for possível, ainda assim, será condição 'sine qua non' a ampliação do autoconhecimento, da consciência de si para que ambos saibam o que os faz renovar a confiança entre eles.

A confiança restaurada de forma consciente e responsável supõe que ampliaram seu autoconhecimento e resignificaram suas escolhas, sentimentos e votos. E, especialmente, que fortaleceram a confiança em si mesmos.