Empenho, dedicação e decisão são ações que, nem sempre, estão disponíveis em momentos de crise. Sabemos o que é exigido de nós, sabemos o que fazer, mas não é incomum a falta de decisão e/ou de ação.
Os conflitos que decorrem dessa percepção e, ao mesmo tempo, dessa irresolução, geram defesas, resistência e a ação já não é mais possível. O sentimento mais freqüente é o de estar perdido.
A urgência de encontrar uma saída provoca ações sem foco e teorias que mais confundem do que esclarecem, mais atrapalham do que ajudam. O pensamento é uma função que precisa ser trabalhada, a fim de orientar decisões e ações que, efetivamente levem as pessoas a traçar e a atingir seus objetivos.
Crises, tanto internas como externas podem despertar, mobilizar uma tendência instintiva que, aqui, será tratada como o herói que existe em todos nós. A tendência instintiva que vem em socorro da personalidade como um todo e que leva a superar sentimentos de impotência (pelo menos, temporariamente) surpreende por conta de ações repentinas e eficientes!
Recentemente, acompanhei um caso de demissão que levou a pessoa a reagir de maneira prática e objetiva, sem prévio planejamento. Num curto espaço de tempo, fez sua mudança para outra cidade, dirigiu sua energia para o negócio da família, empregando sua visão e capacidade de trabalho, para enfim, torná-lo lucrativo. E em menos de um mês, estava contratada por outra empresa, no mesmo ramo daquela da qual fora demitida, sob condições muito mais próximas às suas expectativas de vida, como a flexibilidade de horário para administrar de perto seu negócio. Esse agir de forma eficiente (heróica) faz com que a pessoa ocupe seu lugar, no tempo certo. Tudo fica bem! E o processo de auto-realização pode continuar com maior disponibilidade de energia para nele ser investida.
Há outros exemplos da ação desse herói em nós. Essa ação vai sendo configurada sem que se tenha consciência disso; portanto, parece vir do nada tantas medidas, uma atrás da outra... Mas, é o desejo de mudança, é aquele saber o que se espera de nós e o que deve ser feito que contribuem para a mobilização dessa ação heróica.
Vejam o caso dos estudantes que ingressam em faculdades e vão cursá-las em outra cidade, distante de sua residência. Até então, alguns se deslocam de carro com seus pais, tem suas responsabilidades circunscritas às obrigações escolares e, algumas outras, aos seus interesses. À medida que o vestibular se aproxima vão se preparando consciente e inconscientemente para essa grande mudança de vida. Ao ingressarem na faculdade de seus sonhos, vêem-se diante de situações que exigem ações, resoluções de problemas da vida prática, que não faziam parte de seu dia a dia. No entanto, não é raro o êxito deles nessas situações, assim como, a conquista do prazer de estarem vivendo e sustentando a própria vida, longe da segurança e conforto da casa dos pais. Ações comandadas pelos seus heróis!
Mudanças provocadas pelo desemprego, pelo ingresso em um novo estilo de vida, choques emocionais, angústias, desorientações; enfim, crises são muitas vezes necessárias para que as pessoas se dêem conta da maneira como estão agindo. Como “as estruturas arquetípicas não são apenas formas estáticas, mas fatores dinâmicos que se manifestam por meio de impulsos, tão espontâneos como os instintos” (Carl G.Jung), o arquétipo do Herói se manifesta na vida das pessoas, para favorecer as mudanças necessárias a cada tomada de consciência promovida pelas crises que se vive durante a vida.
Entretanto, como se pode observar , nem sempre é tão pronta a ação desse nosso herói! Precisamos mobilizá-lo. Avanços e recuos são feitos, até que o primeiro passo seja dado. O aumento de possibilidades que a ajuda profissional gera, possibilita ao nosso herói um maior numero de ações e decisões; afinal, tanto a tendência instintiva, quanto a função pensamento precisam de recursos efetivos para que se leve a termo os enfrentamentos que a vida nos impõe.
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