Diálogos internos podem nos encorajar ou desencorajar, confundir ou, até mesmo nos paralisar!
Diferente do pensamento lógico, da racionalidade, e até mesmo da intuição, esse tipo de pensamento costuma gerar conflito, incrementar a indecisão e o medo, fazendo com que as defesas psicológicas entrem em ação.
Como são formados os pensamentos desses diálogos?
Durante o desenvolvimento humano são formadas as Imagos, através das quais moldamos a nossa autoimagem. É de acordo com as imagens que temos de nós, dos nossos pais que reagimos e interagimos conosco e com as pessoas a nossa volta.
De acordo com a psicologia analítica de Carl G. Jung Imago é a imagem inconsciente e idealizada de uma pessoa amada, especialmente a imagem dos pais formada na psique de um indivíduo, durante a infância. É uma matriz ou modelo psíquico que carregamos conosco e que influencia as futuras relações amorosas e afetivas. Não é a pessoa real da mãe ou do pai, mas sim a representação interna que formamos deles, com todas as nossas percepções, sentimentos, expectativas e até mesmo projeções.
São dessas matrizes que ouvimos as "falas" que vão reproduzir o sentimento oceânico de amor e confiança em si, nos outros e no mundo. A voz interior pode vir, também, carregada de críticas, rejeição ou frustração.
Com as faltas e mais aquilo que é sentenciado pelas imagos é que se terá que lidar, principalmente, na vida adulta. Não mais esperar que mãe, pai reparem ou entreguem o que esperava-se receber deles. A vida nem sempre é justa!
Ter essa expectativa em relação a eles e à vida é aprisionar-se na infância, deixando de ser quem se é, para si mesmo! É esperar que, se não os pais, outras pessoas supram necessidades que, tão somente cabe a cada um, na vida adulta, a responsabilidade sobre elas.
Trazer à consciência essa realidade psíquica não é depreciar as pessoas que, na maioria das vezes, dão o seu melhor como pais e mães. É, antes, reconhecer a humanidade delas e as contingências de suas vidas.
Tomar consciência das nossas idealizações é poder entender melhor por quê sentimos atração por certo tipo de pessoa, por que certos padrões são repetidos em nossos relacionamentos, por exemplo. É poder desenvolver uma relação mais madura e autêntica com o amor e a intimidade, sem ficarmos presos na infância.
A consciência da origem desses padrões traz libertação das amarras, dos conflitos e da falta de confiança em si, propiciando maior responsabilidade afetiva e capacidade para relações mais profundas e duradouras.
A transformacão do diálogo interno é consequência do colocar-se em processo contínuo de autoconhecimento e autenticidade. É, portanto, abandonar as idealizacões e ver a si e ao outro mais próximos da realidade.