sábado, 5 de agosto de 2023

Você mais sua solidão

Hei, você! Você mesmo, próprio, único! Com impressão digital e muitos números de registro que reforçam sua condição de indivíduo entre tantos. Você que não é como nenhum outro. Não é nem mesmo como o outro de quem se separou pela primeira vez na sua vida. Quantas outras mais não se separaria, não é mesmo?


Voltando ao momento anterior a essa primeira separação. Lá onde viveu sem consciência de si e de qualquer necessidade sua. Lá onde a literatura compara ao paraíso, nada lhe faltava. Não se frustrava, não esperava. Só existia. Apesar disso, já com sua idiossincrasia.


Vê só?  Não tem jeito!


Você, desde então, mesmo que não saiba quem é ou onde está - você é e estará em sua companhia até o fim da linha! É bom se acostumar com você, aprender a andar na própria companhia, a se compreender, amparar, porque uma vez do lado de cá – terá que se suportar, em sua “sozinhez”, “solitude” e/ou solidão. E isso é muito bom!


Como não?!


Lembra de quando se viu sobre os próprios pés, indo e vindo para onde queria? Apesar, de contar com a proteção de alguém, do seu incentivo era você quem usufruía da experiência de mais um passo na direção de sua independência! Mesmo que já não tenha essa lembrança, com certeza, sentiu muita alegria. Assim como, ao tirar as rodinhas da bicicleta, nadar sobre a água ou debaixo dela, com o folego dos seus pulmões e com o resultado do seu esforço em fazer seu corpo boiar. E, por aí vai!


Vai me dizer que não gostou de experimentar tantas outras pequenas, grandes conquistas. Não vou acreditar que não se regozijou, envaideceu-se, orgulhou-se de ser quem é. De ser você e estar na sua pele, usufruindo de suas conquistas


Ah...Também, teve vezes, acredito, que precisou engolir sua raiva, lidar com suas incompetências, suas dores no corpo e na alma. Como precisou de você nessas horas, não? Precisou muito do seu amparo, da sua resistência e aprendeu que se sai mais forte ao suportar esses ventos fortes, esses eventos que são, igualmente, vida. E foi aguentando você, com seus sentimentos caóticos, seus desejos ou necessidades frustradas que fez mais essa valiosa experiência de si.


Pode ter tido até uma ajuda externa. Ela é a mão que precisamos para nos fazer parar, frustrar e nos transmitir o que precisamos saber: você é capaz de se suportar, conter e se amparar. Somos todos – você e eu – um, com a própria solidão.


Lembre-se que é com ela que compartilha, vivencia aquilo que torna possível uma vida saudável consigo e com as outras pessoas.


Não, não me esqueci da importância delas, em tantos momentos da vida!


Vamos ao encontro delas, sabendo que com elas faremos trocas. Boas e ruins. Todas nos afetarão: bem ou mal. Entretanto, as pessoas não estarão mais como no começo de nossas vidas ou, se tivermos sorte, no final delas – só para nós, para satisfazer todas as necessidades físicas ou emocionais possíveis. (Seremos sempre seres faltantes, tanto no início como no fim.) Dessa maneira, quase como era no princípio, estar com o outro como antes- não é mais possível ou desejável.


 Você aprendeu um pouco sobre quem é, onde está e como quer usufruir de si e de sua vida. E ninguém, por mais que você deseje ou por mais que alguém deseje viverá por você as dores e as alegrias de ser você – a não ser você mais sua solidão. Você mesmo!


 


 



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