domingo, 12 de março de 2023

Dedicado à Mulher

Entre tantas notas, pensamentos, poemas dedicados à mulher, mesmo fazendo ressalvas quanto a necessidade dessa data (dia da mulher), gostaria de deixar alguns pontos de reflexão sobre a tetralogia da autora Elena Ferranti, recentemente lida.

Uma análise mais profunda, ainda não é possível, entretanto, muitos pontos me chamaram a atenção como: a constituição da identidade da mulher.

Quantas facetas compuseram, compõem as mulheres dessa obra! Como é rica e profunda a maneira como a autora descreve suas peronagens, tanto mulheres como homens, dentro do ponto de vista psicossocial de uma época de grandes mudanças que sobrevieram à sociedade conservadora dos anos 60. 

Mesmo que as personagens habitem a Nápoles daquele período é possível reconhecer, ainda hoje, na estrutura da nossa sociedade, inclusive, muitos elementos do machismo e do conservadorismo patriarcal.


No primeiro volume "A amiga genial", Elena Ferranti já nos coloca diante da questão da identidade, contando a história de duas amigas e os sentimentos, comportamentos e segredos que permeiam e são constitutivos da personalidade de cada uma delas. Especialmente, da que nos conta a história toda.


Sem deixar de considerar o contexto socieconômico, religioso, político e cultural, e por ele estar sempre presente, vamos encontrando os muitos tesouros tecidos por Elena sobre os que ficam e os que fogem ou vão em busca de si e de sua realização. (Aliás, o título de um dos volumes é " A história dos que ficam e dos que fogem.")


No que tange à realização das mulheres encontramos nessa obra as dificuldades e os malabarismos que são feitos pelas personagens femininas, não diferentemente de nós mulheres que queremos viver o amor, a maternidade e a carreira profissional.

Como fica evidente a enorme diferença entre o apoio que os homens precisam para sua realização - que, geralmente contam, exclusivamente, com suas parceiras para tal -  e a rede de apoio necessária para que a mulher possa buscar as mesmas coisas!

Apesar dessa rede, quando é possível tê-la, muitas mulheres lutam com sentimentos como a culpa por não serem uma boa mãe, esposa, dona de casa... O conflito entre o direito de ser e o dever de ser o que delas é esperado (inclusive, por elas mesmas) consome muito da energia que poderia ser investida e/ou poupada para o exercício de suas atividades, bem como para que tivessem menos oscilações de humor, de comportamento e estivessem menos cansadas física e emocionalmente para cuidarem melhor de si e dos que lhe são caros.


É uma obra que marca pelo estilo literário em si, pela sua poesia e complexidade psicológica, principalmente, das personagens centrais e da amizade entre elas. E, ainda, pelo mistério que envolve a identidade da autora!

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